Claedis - Literatura - Etc...

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ARCADISMO

1. Introdução

O Iluminismo é um conceito fundamental para entendermos o século XVIII. Este movimento cultural determinava que a razão e a ciência eram as chaves para a compreensão do mundo. Seguindo os preconceitos iluministas, o arcadismo prega que a arte deve ser simples, racional e objetiva, procurar o verossímil e imitar a natureza. Não é de espantar, portanto que também seja conhecido como Neoclassicismo, pois resgatava os valores renascentistas.

As características mais marcantes da literatura árcade são a exaltação da vida pastoril (bucolismo), da natureza, a busca da universalidade e o uso intenso da mitologia clássica.

O Arcadismo no Brasil está intimamente ligado ao ciclo do ouro em Minas Gerais, que permitiu o surgimento de um grupo de intelectuais que produziram uma literatura que pode-se considerar voltada para o Brasil. Os destaques do arcadismo são: Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu), Cláudio Manuel da Costa, etc.

2. Momento Histórico

1. Iluminismo
2. Revolução Francesa
3. Ciclo econômico da mineração.
4. Inconfidência Mineira.

3. Principais Características do Arcadismo
1. Basear arte em três princípios: RAZÃO – NATUREZA – VERDADE (verossímil)
2. Fingimento poético
3. Minmese (imitação) dos princípios clássicos
4. Bucolismo
5. Pastoralismo
6. Modelo de poema (liras e sonetos)
7. Valorização amor
8. Presença da mitologia grega
9. Paganismo
10. Pseudônimos pastoris
11. Simplicidade
12. Placidez contemplativa
13. Equilíbrio entre razão e sentimento.
14. Universalismo
I. fugere Urbem (fugir da cidade)
II. Áurea Mediocritas (vida medíocre materialmente, mas ricas em realizações espirituais)
III. Lócus Amoenos (Local calmo, tranqüilo, ameno)
IV. Inutilia Truncat (corte o que é inútil)
V. Carpe Diem (aproveite o dia de hoje, o momento, o agora)

4. Linguagem árcade

Quanto à forma:
1. Vocabulário simples
2. Frases na ordem direta
3. Ausência quase total de figuras de linguagem
4. Verso decassílabo e outras formas clássicas.

Quanto ao conteúdo:
1. Pastoralismo
2. Bucolismo
3. Racionalismo
4. Idéias iluministas
5. Idealização amorosa

5. Poesias de Tomás Antônio Gonzaga.

TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA

Nascido no Porto em 1744 e falecido por vota de 1810, este filho de brasileiro formou-se em direito em Coimbra e trabalhou toda vida na burocracia. Envolvido com a Inconfidência mineira, foi exilado em Moçambique onde faleceu. Escreveu Marília de Dirceu e Cartas Chilenas.

Marília de Dirceu
Lira XIX (1ª parte)

Enquanto pasta o alegre gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado
Um pouco meditemos na regular beleza,
Que em tudo quanto vive
Nos descobre a sábia natureza.
Atende, como aquela vaca preta
O novilho seu dos mais separa,
E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.
Atende mais, ó cara como a ruiva cadela
Suporta que lhe morda o filho o corpo,
E salte em cima dela.
Repara, como cheia de ternura
Entre as asas ao filho essa ave aquenta,
Como aquela esgravata a terra dura,
E os seus assim sustenta;
Como se encoleriza
E salta sem receio a todo o vulto,
Que junto deles pisa.
Que gosto não terá a esposa amante,
Quando der ao filhinho o peito branco,
E refletir então no seu semblante!
Quando, Marília, quando disser consigo:
“É esta de teu querido pai a mesma barba, a mesma boca, e testa.”


Entremos, Amor, entremos,
Entremos na mesma esfera;
Venha Palas, venha Juno,
venha a deusa Citara.

É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte e prado;
Porém, gentil Pastora, o teu agrado
Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono
Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!
(Tomás Antônio Gonzaga)

“Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
(Cláudio Manuel da Costa)


“Eu queria ter na vida simplesmente/ um lugar de mato verde
pra colher e pra plantar.
Ter uma casinha branca de varanda/ um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer.”

Marília de Dirceu.

“Pintam, Marília, os poetas
a um menino vendado
com uma aljava de setas,
arco empunhado na mão,
ligeiras asas nos ombros
o tenro corpo despido,
e de Amor ou de Cupido
são os nomes que lhe dão.

Porém eu, Marília, nego
Que assim seja Amor, pois ele
Nem é moço nem cego,
Nem setas nem asas têm.
Ora pois, eu vou formar - lhe
Um retrato mais perfeito,
Que ele já feriu meu peito:
Por isso o conheço bem.
(...)
Na sua face mimosa,
Marília, estão misturadas
Purpúreas folhas de rosa,
Brancas folhas de jasmim.
Dos rubins mais preciosos
Os seus beiços são formados;
Os seus dentes delicados
são pedaços de marfim.
(...)
Mal vi seu rosto perfeito
Dei logo um suspiro, e ele
Conheceu haver – me feito
Estrago no coração.
Punha em mim os olhos, quando
Entendia eu não olhava;
Vendo o que um dia, baixava
A modesta vista ao chão.
(...)
Tu, Marília, agora vendo
De Amor o lindo retrato,
Contigo estarás dizendo
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu”.
(Tomás Antônio Gonzaga)


“Os teus olhos espalham luz divina
a quem a luz do Sol em vão se atreve,
papoula a rosa delicada e fina
te cobre as faces, que são da cor da neve,
os teus cabelos são uns fios d’ouro;
teu lindo corpo bálsamo vapora

Ah! Não, não fez o céu, gentil pastora,
para a glória de amor igual tesouro.
Graças Marília bela,
Graças a minha estrela”.


“Os seus compridos cabelos,
que sobre as costas ondeiam
são que os de Apolo mais belos
mas de loura cor não são
tem a cor de negra noite;
e com o branco do rosto
fazem, Marília, um composto
da mais formosa união”.


“Ah! Enquanto os destinos impiedosos
não voltam contra nós a face irada,
façamos, sim façamos, doce amada,
ao nossos breves dias mais ditosos
um coração que, frouxo,
a grata posse de seu bem difere
a si, Marília, a si próprio rouba,
e a si próprio fere”.


“Ornemos nossas testas com as flores
e façamos de feno um brando leito
prendamo – nos, Marília, em laço estreito
gozemos do prazer de são amores”.
(Tomás Antônio Gonzaga)

BARROCO

BARROCO (1580 – 1756 séc. XVI)

1. Introdução

O Barroco no Brasil caracteriza-se por expressar a angústia e a agonia de um homem dividido entre razão e fé, entre religiosidade e desejos materiais, a literatura barroca busca o não objetivo, o inconsciente.

Desvalorização parcial do Belo, apresenta-se a feiúra, o inverso do Classicismo.

O Barroco abusou de figuras de linguagem como metáfora, antítese, paradoxo e sinestesia, produzindo uma linguagem rebuscada e ambígua, que representa as contradições daquele tempo. Os destaques no Brasil são Gregório de Matos Guerra e Padre Antônio Vieira.

2. Momento Histórico

1. Reforma X Contra Reforma.
2. Absolutismo
3. Mercantilismo.
4. Centro econômico da Bahia.
5. Ciclo da cana-de-açúcar (Bahia)
6. Colônia de povoamento.
7. Escravidão

3. Principais características do Barroco

1. Conflituosidade;
2. Desequilíbrio;
3. Tentativa de conciliar opostos (fusionismo);
4. Dualismo
5. Representação da nobreza através da linguagem:
5.1. CULTISMO – linguagem rebuscada, culta, jogo de palavras;
5.2. CONCEPTISMO – Jogo de idéias, de conceitos, retórica aprimorada;
6. Efemeridade das coisas da terra (fugacidade da vida) X Perenidade das coisas divinas;
7. Tentativa de ligar o Humano ao divino (Antropocentrismo X Teocentrismo);
8. Louvor à mulher;
9. Carpe Dien;
10. Temática do arrependimento;
11. Religiosidade.

4. Linguagem Barroca

Quanto à forma:
1. Vocabulário selecionado
2. Gosto pelas inversões sintáticas
3. Figuração excessiva
4. Sugestões sonoras e cromáticas
5. Construções complexas

Quanto ao conteúdo:
1. Conflito espiritual
2. Oposição entre o mundo espiritual e o material
3. Consciência da efemeridade do tempo
4. Morbidez
5. Raciocínios complexos

5. Poesias de Gregório de Matos Guerra

GREGÓRIO DE MATOS GUERRA

Nascido em 1633, em Salvador e falecido em 1696, formou-se advogado pela Universidade de Coimbra. Gregório de Matos chegou a ser deportado do Brasil e retornando, viveu em recife, onde faleceu.

Gregório é a maior figura do barroco brasileiro. Sua obra é composta de poesia lírica, religiosa e satírica (por vezes extremamente violenta, esta lhe valeu o apelido de “Boca do inferno”)

Poesia lírico-amorosa

“Não vira em minha vida a formosura
Ouvia falar nela cada dia
E ouvida me incitava e me movia
A querer ver tão bela arquitetura.

Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma mulher, que em Anjo se mentia
De um Sol, que se trajava em criatura.

Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me,
Se esta a cousa não é, que encarecer-me
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me.

Olhos meus, disse então por defender-me,
Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me”


"Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor e anjo juntamente,
Ser Angélica for e anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara?

Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não o indolatrara?

Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
(Gregório de Matos Guerra)

Poesia satírica

Sor Antônio de Sousa de Meneses
Quem sobe ao alto lugar, que não merece,
Homem sobe, asno vai, burro parece,
Que o subir é desgraça muitas vezes.

A fortunilha, outrora de entremezes,]
Transpõe em burro herói: que indigno cresce,
Desanda a roda, e logo homem parece
Que é discreta a fortuna em seus reveses.

Homem sei eu que foi Vossenhoria
Quando o pisava da fortuna a roda,
Burro foi ao subir tão alto clima.

Pois, alto! Vá descendo onde fazia,
Verá quanto melhor se lhe acomoda
Ser homem em baixo do que burro em cima”


“Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!”


“A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem freqüente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda picardia.

Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muitos pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.


Poesia religiosa

“Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido,
Porque, quanto mais tenho delinqüido
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vós irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha pedida, e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.”


Meu Deus, que estais pendente em um madeiro
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer.
Animoso, constante, firme e inteiro.

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um pai manso bordeiro.

Mui grande é vosso amor, é meu delito,
Porém pode ter fim todo o pecar
E não o vosso amor, que é infinito.

Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.


“Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteis a flor, que me guardais
no passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim ó Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-flor.”

Classicismo - Resumo

CLASSICISMO (1527 – 1558)

Contextualização

• Crise da Igreja
• Expansão marítima
• Mercantilismo
• Absolutismo monárquico
• Reforma protestante
• “Descobrimento do Brasil”
• Caminho para as Índias

Algumas das principais características

• Antropocentrismo
• Razão
• Materialismo
• Preocupação formal

Seguiu-se o desejo de fazer ressuscitai o espírito da Antiguidade Greco-latina. Tal estado de coisas, ligados aos abalos do tempo (descobertas científicas, invenções,...) veio a constituir-se no Renascimento.

Sá de Miranda foi o principal divulgador das idéias clássicas trazidas da Itália, como o verso decassílabo.

O classicismo consistia, antes de tudo numa concepção de arte baseada na imitação dos clássicos gregos e latinos, considerados modelos de suma perfeição estética. Imitar não significava copiar, mas sim a procura de criar obras de arte segundo as fórmulas, as medidas empregadas pelos antigos.

O racionalismo clássico não significa de modo algum ausência de emoção e sentimento, apenas pressupõe que a Razão exerça sobre eles uma espécie de controle de guardar, a fim de evitar que se derramem. Estabelece-se, ou deseja-se um equilíbrio entre a razão e a imaginação, no afã de criar uma arte universal e impessoal (que na se refere a alguém em particular, mas a pessoas em geral)]não aceitavam a arte pela arte, mas procuravam Beleza, o Bem, e a Verdade. Suas obras intencionavam alcançar um alto objetivo ético, o aperfeiçoamento do homem na contemplação das paixões humanas postas em arte.

A maior obra épica foi “Ao Lusíadas” de Luis Vaz de Camões, com dez cantos, 1102 estrofes, logo 8816 versos em 8ª rima (abababcc). O poeta tem como núcleo a viagem expedida por Vasco da Gama.