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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

BARROCO

BARROCO (1580 – 1756 séc. XVI)

1. Introdução

O Barroco no Brasil caracteriza-se por expressar a angústia e a agonia de um homem dividido entre razão e fé, entre religiosidade e desejos materiais, a literatura barroca busca o não objetivo, o inconsciente.

Desvalorização parcial do Belo, apresenta-se a feiúra, o inverso do Classicismo.

O Barroco abusou de figuras de linguagem como metáfora, antítese, paradoxo e sinestesia, produzindo uma linguagem rebuscada e ambígua, que representa as contradições daquele tempo. Os destaques no Brasil são Gregório de Matos Guerra e Padre Antônio Vieira.

2. Momento Histórico

1. Reforma X Contra Reforma.
2. Absolutismo
3. Mercantilismo.
4. Centro econômico da Bahia.
5. Ciclo da cana-de-açúcar (Bahia)
6. Colônia de povoamento.
7. Escravidão

3. Principais características do Barroco

1. Conflituosidade;
2. Desequilíbrio;
3. Tentativa de conciliar opostos (fusionismo);
4. Dualismo
5. Representação da nobreza através da linguagem:
5.1. CULTISMO – linguagem rebuscada, culta, jogo de palavras;
5.2. CONCEPTISMO – Jogo de idéias, de conceitos, retórica aprimorada;
6. Efemeridade das coisas da terra (fugacidade da vida) X Perenidade das coisas divinas;
7. Tentativa de ligar o Humano ao divino (Antropocentrismo X Teocentrismo);
8. Louvor à mulher;
9. Carpe Dien;
10. Temática do arrependimento;
11. Religiosidade.

4. Linguagem Barroca

Quanto à forma:
1. Vocabulário selecionado
2. Gosto pelas inversões sintáticas
3. Figuração excessiva
4. Sugestões sonoras e cromáticas
5. Construções complexas

Quanto ao conteúdo:
1. Conflito espiritual
2. Oposição entre o mundo espiritual e o material
3. Consciência da efemeridade do tempo
4. Morbidez
5. Raciocínios complexos

5. Poesias de Gregório de Matos Guerra

GREGÓRIO DE MATOS GUERRA

Nascido em 1633, em Salvador e falecido em 1696, formou-se advogado pela Universidade de Coimbra. Gregório de Matos chegou a ser deportado do Brasil e retornando, viveu em recife, onde faleceu.

Gregório é a maior figura do barroco brasileiro. Sua obra é composta de poesia lírica, religiosa e satírica (por vezes extremamente violenta, esta lhe valeu o apelido de “Boca do inferno”)

Poesia lírico-amorosa

“Não vira em minha vida a formosura
Ouvia falar nela cada dia
E ouvida me incitava e me movia
A querer ver tão bela arquitetura.

Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma mulher, que em Anjo se mentia
De um Sol, que se trajava em criatura.

Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me,
Se esta a cousa não é, que encarecer-me
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me.

Olhos meus, disse então por defender-me,
Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes, olhos, cegueis, do que eu perder-me”


"Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor e anjo juntamente,
Ser Angélica for e anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara?

Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não o indolatrara?

Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
(Gregório de Matos Guerra)

Poesia satírica

Sor Antônio de Sousa de Meneses
Quem sobe ao alto lugar, que não merece,
Homem sobe, asno vai, burro parece,
Que o subir é desgraça muitas vezes.

A fortunilha, outrora de entremezes,]
Transpõe em burro herói: que indigno cresce,
Desanda a roda, e logo homem parece
Que é discreta a fortuna em seus reveses.

Homem sei eu que foi Vossenhoria
Quando o pisava da fortuna a roda,
Burro foi ao subir tão alto clima.

Pois, alto! Vá descendo onde fazia,
Verá quanto melhor se lhe acomoda
Ser homem em baixo do que burro em cima”


“Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!”


“A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem freqüente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda picardia.

Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muitos pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.


Poesia religiosa

“Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido,
Porque, quanto mais tenho delinqüido
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vós irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha pedida, e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.”


Meu Deus, que estais pendente em um madeiro
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer.
Animoso, constante, firme e inteiro.

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um pai manso bordeiro.

Mui grande é vosso amor, é meu delito,
Porém pode ter fim todo o pecar
E não o vosso amor, que é infinito.

Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.


“Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteis a flor, que me guardais
no passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim ó Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-flor.”

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