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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Lei de Reforma do Congresso de 2012

EU CONCORDO E VC??

Lei de Reforma do Congresso de 2012
(emenda da Constituição do Brasil)

...
1. O congressista receberá salário somente durante o mandato. E não terá direito a aposentadoria diferenciada, em decorrência do mandato.
2. O Congresso contribui para o INSS. Todo o fundo (passado, presente e futuro) atual no fundo de aposentadoria do Congresso passará para o regime do INSS, imediatamente. O Congressista participa dos benefícios dentro do regime do INSS, exatamente como todos outros brasileiros. O fundo de aposentadoria não pode ser usado para qualquer outra finalidade.
3. Congressista deve pagar para seu plano de aposentadoria, assim como todos os brasileiros.
4. Congresso deixa de votar seu próprio aumento de salário, que será objeto de plebiscito.
5. Congressista perde seu seguro atual de saúde e participa do mesmo sistema de saúde como o povo brasileiro.
6. Congressista está sujeito às mesmas leis que o povo brasileiro.
7. Servir no Congresso é uma honra, não uma carreira.
Parlamentares devem servir os seus termos (não mais de dois), depois ir para casa e procurar emprego. Ex-congressista não pode ser um lobista.
8. Todos os votos serão obrigatoriamente abertos permitindo que os eleitores fiscalizem o real desempenho dos congressistas.
Se cada pessoa repassar esta mensagem para um mínimo de vinte pessoas, em três dias a maioria das pessoas no Brasil receberá esta mensagem - Lembre-se de enviar em CCO.

A hora para esta emenda na Constituição é AGORA.

É ASSIM QUE VOCÊ PODE CONSERTAR O CONGRESSO.

Se você concorda com o exposto, REPASSE, COMPARTILHE, CURTA, ETC.

Fonte: Facebook do profº Rômulo: http://www.facebook.com/profile.php?id=100000067079387&ref=tn_tnmn#!/rfcfranca/posts/243711315702940

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012




KALIEL - 3 MESES







A Viagem do Elefante - José Saramago

José Saramago

José Saramago nasceu na vila de Azinhaga, no conselho da Golegã, de uma família de pais e avós agricultores. A sua vida é passada em grande parte em Lisboa, para onde a família se muda em 1924 – era um menino de apenas dois anos de idade. Dificuldades econômicas impedem-no de entrar na universidade. Demonstra desde cedo interesse pelos estudos e pela cultura, sendo que esta curiosidade perante o Mundo o acompanhou até a morte. Formou-se numa escola técnica. O seu primeiro emprego foi de serralheiro mecânico. Fascinado pelos livros, visitava, à noite, com grande freqüência, a Biblioteca Municipal Central — Palácio Galveias.

Aos 25 anos, publica o primeiro romance Terra do Pecado (1947), no mesmo ano de nascimento da sua filha, Violante, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis – com quem se casou em 1944 e com quem permaneceu até 1970. Nessa época, Saramago era funcionário público. Em 1988, casar-se-ia com a jornalista e tradutora espanhola Maria del Pilar del Rio Sánchez, que conheceu em 1986 e ao lado da qual viveu até a morte.

Depois de Terra do Pecado, Saramago apresentou ao seu editor o livro Clarabóia que, depois de rejeitado. Persiste, contudo, nos esforços literários e, dezenove anos depois, funcionário, então, da Editorial Estudos Cor, troca a prosa pela poesia, lançando Os Poemas Possíveis. Num espaço de cinco anos, publica, sem alarde, mais dois livros de poesia: Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975). É quando troca também de emprego, abandonando a Estudos Cor para trabalhar no Diário de Notícias (DN) e, depois, no Diário de Lisboa. Em 1975, retorna ao DN como Director-Adjunto, onde permanece por dez meses, até 25 de Novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses intervêm na publicação (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos) demitindo vários funcionários. Demitido, Saramago resolve dedicar-se apenas à literatura. Estava à espera de que as pedras do puzzle do destino – supondo-se que haja destino, não creio que haja – se organizassem. É preciso que cada um de nós ponha a sua própria pedra, e a que eu pus foi esta: "Não vou procurar trabalho", disse Saramago em entrevista à revista Playboy, em 1995.

Da experiência vivida nos jornais, restaram quatro crônicas: “Deste Mundo e do Outro”, 1971, “A Bagagem do Viajante”, 1973, “As Opiniões que o DL Teve”, 1974 e “Os Apontamentos”, 1976. Mas não são as crônicas, nem os contos, nem o teatro os responsáveis por fazer de Saramago um dos autores portugueses de maior destaque - esta missão está reservada aos seus romances, gênero a que retorna em 1977.

Três décadas depois de publicado Terra do Pecado, Saramago retornou ao mundo da prosa ficcional com Manual de Pintura e Caligrafia. Mas ainda não foi aí que o autor definiu o seu estilo. As marcas características do estilo Saramaguiano só apareceriam com Levantado do Chão (1980), livro no qual o autor retrata a vida de privações da população pobre do Alentejo.

Dois anos depois de Levantado do Chão (1982), surge o romance Memorial do Convento, livro que conquista definitivamente a atenção de leitores e críticos.

De 1980 a 1991, o autor trouxe a lume mais quatro romances que remetem a factos da realidade material, problematizando a interpretação da "história" oficial: O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984) - sobre as andanças do heterônimo de Fernando Pessoa por Lisboa; A Jangada de Pedra (1986) - em que se questiona o papel Ibérico na então CEE através da metáfora da Península Ibérica soltando-se da Europa e encontrando o seu lugar entre a velha Europa e a nova América; História do Cerco de Lisboa (1989) - onde um revisor é tentado a introduzir um "não" no texto histórico que corrige, mudando-lhe o sentido; e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) - onde Saramago reescreve o livro sagrado sob a óptica de um Cristo que não é Deus e se revolta contra o seu destino e onde, a fundo, questiona o lugar de Deus, do cristianismo, do sofrimento e da morte.

Nos anos seguintes, entre 1995 e 2005, Saramago publicou mais seis romances, dando início a uma nova fase em que os enredos não se desenrolam mais em locais ou épocas determinados e personagens dos anais da história se ausentam: Ensaio Sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); Ensaio Sobre a Lucidez (2004); e As Intermitências da Morte (2005). Nessa fase, Saramago penetrou de maneira mais investigadora os caminhos da sociedade contemporânea, questionando a sociedade capitalista e o papel da existência humana condenada à morte.

A ida para Lanzarote conta mais sobre o escritor do que deixa transparecer a justificativa corrente (a medida sensores portuguesa). Com o gesto de afastamento rumo à ilha mais oriental das Canárias, Saramago não apenas protesta ante o cerceamento, como finca raízes num local de geografia inóspita (trata-se de uma ilha vulcânica, com pouca vegetação e nenhuma fonte de água potável). A decisão tem um carácter revelador, tanto mais se levar em conta que, neste caso, "mais oriental" significa dizer mais próximo de Portugal e do continente europeu.

Mesmo em dias de hegemonia do pensamento pró-mercado, Saramago guarda um olhar abrigado numa ilha européia mais próxima da África que do velho centro da civilização capitalista. Sempre atento às injustiças da era moderna, vigilante das mais diversas causas sociais, Saramago não se cansava de investir, usando a arma que lhe coube usar, a palavra. "Aqui na Terra a fome continua, / A miséria, o luto, e outra vez a fome.", diz o eu lírico do poema saramaguiano "Fala do Velho do Restelo ao Astronauta" (do livro Os Poemas Possíveis, editado em 1966).

Saramago faleceu no dia 18 de Junho de 2010 aos 87 anos de idade, na sua casa em Lanzarote onde residia com a mulher Pilar del Rio, vítima de leucemia crônica. O escritor estava doente havia algum tempo e o seu estado de saúde agravou-se na sua última semana de vida. O seu funeral teve honras de Estado, tendo o seu corpo sido cremado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa. As cinzas do escritor, foram depositadas aos pés de uma oliveira, em Lisboa em 18 de junho de 2011.

A Viagem do Elefante

A Viagem do Elefante é um romance de 2008 do escritor português, Nobel de Literatura de 1998, José Saramago. A Viagem do Elefante retrata a ida de um elefante até a Áustria, mandado pelo Rei D. João III, onde será o presente de casamento do arquiduque Maximiliano da Áustria.

“A Viagem do Elefante” ambienta-se em meados do século XVI, e conta a história do elefante Solimão (ou Salomão, como é chamado depois de passar à propriedade austríaca) e seu cornaca Subhro (ou Fritz, cujo nome também é modificado, pois, enquanto tratador e guia, acompanha o elefante e os desígnios aos quais este é submetido). Solimão era propriedade do império português, e vivia um tanto quanto esquecido em Lisboa, sob os cuidados de Subhro. De pouca ou nenhuma serventia aos interesses do rei D. João III, o elefante é presenteado ao arquiduque austríaco Maximiliano II, recém casado com a filha do imperador Carlos V, que aceita o presente e imediatamente procede a mudança dos nomes de Solimão e Subhro para Salomão e Fritz. A partir de então, o narrador passará a contar a história da longa viagem empreendida por Salomão e Fritz, primeiramente de Portugal a Espanha, onde se detinha a comitiva de Maximiliano II, e de Espanha a Áustria, incluindo-se aí uma perigosa viagem marítima pelo Mediterrâneo e uma quase suicida travessia dos Alpes.

“A Viagem do Elefante” aparenta uma simplicidade e uma linearidade que parecem destoar da obra do autor; entretanto, é nas tergiversações dos personagens e do narrador que reside à maior qualidade da obra. A história serve apenas como pano de fundo para que José Saramago exercite seu mais fino humor e sua mordaz ironia à burocracia de Estado e à corrupção intrínseca dos indivíduos. Assim, não foi casual a escolha de um elefante como personagem central do livro. É Solimão (ou Salomão) que move a burocracia de um Estado inoperante, muito mais preocupado com sua perpetuação e imagem, do que com sua eficiência junto às necessidades de seu povo, e é em torno e em função dele que se destacará toda uma comitiva e para qual se contratarão funcionários que possam suprir suas necessidades particulares e tornar possível e segura sua viagem. Solimão é desta feita, o próprio Estado, cuja ineficácia burocrática José Saramago discutiu em dois outros livros. Subhro (ou Fritz), o cornaca, por sua vez, constitui-se como personagem complexo: indiano de origem, emigrou para Portugal acompanhando Solimão, a quem trata, treina e guia. Apesar de servir a seu soberano, seja este o rei português ou o arquiduque austríaco, é dado a arroubos de autonomia, e chega a contestar e ironizar seus superiores hierárquicos. Sabendo-se fundamental aos interesses do seu governo, considerando ser o único a conhecer as manhas e artimanhas de Solimão, Subhro emite suas opiniões próprias e, em nome do bem-estar do elefante (e, consecutivamente, dos interesses de Estado), chega a impor condições para a viagem. Entretanto, como todo ser humano, deixa-se levar também por seus interesses próprios e, sempre que pode, usa do Estado (no caso, Solimão) para obter lucros e benefícios pessoais, como no episódio em que passa a vender pelos do animal a uma população crédula depois de ter usado o paquiderme para forjar um milagre – uma clara referência ao momento em que a história é ambientada, quando na Europa eclodiram os movimentos da Reforma Protestante e da Contra-Reforma Católica.

Como já dissemos aqui, há quem diga que a carícia da morte devolve-nos uma leveza e um certo humor que perdemos com o transcorrer dos anos. Fato é que em “A Viagem do Elefante” encontramos um Saramago mais leve, consciente da importância da sua literatura, porém ciente, também, de que talvez já tenha dito o que havia para se dizer, e que a esta altura de sua vida e carreira importa mesmo o prazer de escrever uma boa história.

Por isso, talvez, a impressão de um Saramago sorridente que nos acomete quando fechamos o livro.

Obs. "Este conto, prefiro chamá-lo assim --melhor que romance--, é o que sempre pensei que deveria ser. A doença não mudou nada", diz Saramago, que afirmou que não deseja dramatizar "a situação do autor frustrado por algo mais forte que sua própria vontade".

Uma caminhada no século XVI, de Viena a Lisboa, de um elefante chamado Salomão, uma oferta do Rei português D. João III para o Arquiduque Maximiliano, herdeiro para o Santo Império Romano. A Viagem do Elefante, escrita não muito tempo antes da morte de Saramago em Junho, apresenta a sua única mistura de absurdo, súbita lógica, comédia tendendo para a melancolia, uma digressão que nos encaminha para efeitos inesperados.

Guiado por Subhro, o discursivo cornaca de Salomão, e escoltado por um destacamento de soldados portugueses, o elefante, a quem é permitida uma ocasional discursividade, viaja para Norte para Castelo Rodrigo, atravessa Espanha, e faz o seu caminho até Valladolid, onde é entregue a Maximiliano. O cortejo, ricamente acrescentado por cortesãos e tropas, continua por mar até Gênova, atravessa os Alpes pelo gelado Passo de Brenner, e é triunfalmente recebido em Viena.

A viagem é baseada num acontecimento histórico; e talvez Saramago tenha perdido um pouco do seu poder por ele: Os seus grandes romances inventam a sua própria história. Ensaio Sobre a Cegueira é uma espantosa parábola sobre o que acontece quando, subitamente, todos deixam de ver; em A Jangada de Pedra, Espanha e Portugal separam-se da Europa e afastam-se flutuando; em A História do Cerco de Lisboa, a inserção de um “não” por um revisor altera drasticamente três séculos de vida portuguesa. Em A Viagem do Elefante, a extraordinária história está duramente ligada ao real; isto é, faltam-lhe algumas das livres explosões do realismo mágico de Saramago. Não obstante é, na sua maioria, uma delícia.

Não é tanto por causa dos acontecimentos. Saramago reconta-os bem o suficiente, preenchendo os poucos factos com acontecimentos que inventa, por vezes respeitosamente. A importante logística é bem imaginada: os carregamentos de forragem, as tinas de água, a necessidade de encontrar mais bois para puxar. A narração torna-se mais viva na última etapa: a luta de Salomão e Subhro, acostumados ao calor indiano, para ultrapassar os traiçoeiros Alpes, subjugados pela neve.

Mesmo no seu mais extraordinário trabalho, não são as histórias o coração da escrita de Saramago. Ele usa-as para trazer à superfície as idiossincrasias das suas personagens: Vira-as ao contrário, para apanhar as moedas que caiem dos seus bolsos. Atribui-lhes ações; questiona as suas ações; coloca-os a questionar as suas ações; tem os seus animais — cães, ou aqui, um elefante — a questionar as suas ações. No velho enigma metafísico — fazer ou ser — ele está do lado do ser, e os seus maravilhosos diálogos em espiral, talentosamente traduzidos por Margaret Jull Costa, são uma céptica e radiosa interrogação sobre o fazer.

O prazer em "A Viagem do Elefante" está nos encontros interrogadores das suas personagens. Subhro, um estrangeiro em Portugal, e ainda mais um estrangeiro entre os austríacos, divide-se entre a deferência — ele é um pequeno cornaca, no fim de contas — e a descoberta e a defesa da sua própria realidade. A sua e a do seu elefante. Quando o arrogante Maximiliano exige que reduza o costumeiro período de descanso de Salomão, dizendo que já não estava na Índia, ele recusa. “Se vossa alteza conhecesse os elefantes como eu tenho a pretensão de conhecer, saberia que para um elefante indiano, dos africanos não falo, não são da minha competência, qualquer lugar em que se encontre é índia.”

No seu adeus a Valladolid, falando com o comandante do destacamento português — após uma desconfiança inicial tinham-se tornado grandes amigos — compara-se à sua carga. “[...] em um elefante há dois elefantes, um que aprende o que se lhe ensina e outro que persistirá em ignorar tudo.” E continua: “Descobri que sou tal qual o elefante, uma parte de mim aprende, a outra ignora o que a outra parte aprendeu, e tanto mais vai ignorando quanto mais tempo vai vivendo.”

Ao serviço de reis e imperadores, Salomão e o seu Subhro, mesmo quando obedecem, afirmam os seus eu individuais — as suas almas, alguém pode dizer, se tal não ofender o devoto ateísmo do escritor. A mais divertida e cristalina cena de A Viagem do Elefante tem Subhro a ensinar Salomão a ajoelhar-se diante do santuário de Santo António em Pádua. E fá-lo sob a ameaça das autoridades religiosas locais, que acham conveniente encenar um “milagre.” Subhro estaria preocupado com a possível falha na atuação de Salomão. Não se preocupe, diz-lhe um padre: Os milagres que não acontecem são os “mais saborosos”. “[...] além disso, aliviamos de maiores responsabilidades os nossos santos.”

Uma linha de desafio percorre todas as obras de Saramago. Ele foi um Comunista e continuou como tal; mas nos seus romances não existe qualquer pista das algemas que o comunismo no poder tentou impor aos seus artistas. Em vez disso, há uma veia que rejeita todas as imposições, mesmo as da causa sobre o efeito. Assim, sentimos, lendo-o, que a lei da gravidade está a ser subvertida pelo puxão de outros corpos astrais, os que Saramago inventou e enviou para a nossa órbita.

Algumas passagens do livro que ilustram não só a escrita particular de Saramago, assim como o seu apurado sentido de humor.

1. Cena da apresentação do tratador ao rei e as impressões deste último:

O secretário depressa se apercebeu de que o tratador não tinha reconhecido o rei, e, como a situação não estava para apresentações formais, alteza, permiti que vos apresente o cuidador de salomão, senhor indiano, apresento-lhe o rei de Portugal, dom João, o terceiro, que passará à história com o cognome de piedoso, deu ordem aos pajens para que entrassem no redondel e informassem o desassossegado cornaca dos títulos e qualidades da personagem de barbas que lhe estava dirigindo um olhar severo, anunciador dos piores efeitos, É o rei. (...) o rei observava o espetáculo com irritação e repugnância, repeso de ter cedido ao impulso matutino de vir fazer uma visita sentimental a um bruto paquiderme, a este ridículo proboscídeo de mais de quatro côvados de altura que, assim o queira deus, em breve irá descarregar as suas malcheirosas excreções na pretensiosa Viena de Áustria.

2. Descrição do elefante pelo secretário do rei, quando este lhe perguntou que idéia lhe dava o animal:

(...) o que estou a ver daqui, para tomar este caso particular de uma lei geral, é um magnífico exemplar de elefante asiático, com todos os pêlos e pintas a que está obrigado pela sua natureza e que encantará o arquiduque e deslumbrará não só a corte e população de Viena como, por onde quer que passe, o gentio comum.

3. Como vêem os camponeses o elefante, do qual jamais haviam visto um exemplar:

De estranhar é que, pertencendo (...) à família dos que dão coices, não leve ferraduras. Afinal, disse um dos camponeses, um elefante não tem muito que ver, dá-se-lhe uma volta e já está.

4. E, mais adiante, falando com o cura da aldeia:

(...) Senhor padre, deus é um elefante. O padre suspirou de alívio, era preferível isto a ter caído o telhado, além do mais, a herética afirmação era de fácil resposta, Deus está em todas as criaturas, disse. (...) O cura respirou fundo, sujeitou o ânimo que o estava impelindo a maiores extremos e perguntou, Vocês estão bêbados, Não, senhor padre, respondeu o coro, é difícil estar bêbado nos tempos que correm, o vinho está caro (...).

E termino com este excerto, para mim um dos momentos mais hilariantes do livro:

5. Já na posse do arquiduque, este decidiu o lugar que o elefante haveria de tomar no cortejo rumo a Viena

Era simples, exatamente à frente do coche que o transportaria a ele e à arquiduquesa. Um privado de confiança rogou-lhe que atendesse ao fato conhecido de que os elefantes, tal como, por exemplo, os cavalos, defecam e urinam em movimento, O espetáculo iria ofender inevitavelmente a sensibilidade de suas altezas, antecipou o privado fazendo cara da mais profunda inquietação cívica, ao que o arquiduque respondeu que não se preocupasse com o assunto, sempre haveria gente na caravana para limpar o caminho de cada vez que se produzissem tais deposições naturais.

Fonte: http://llfeioleituras.blogspot.com/2011_05_01_archive.html









O Carro dos Milagres - Benedito Monteiro

O livro O Carro dos Milagres, de Benedicto Wilfred Monteiro (1924-2008) é uma coletânea de narrativas publicada em 1975, durante os Anos de chumbo (Ditadura Militar), de censura à cultura escrita. Premiada pela Academia Paraense de Letras, a presente coletânea contêm relatos de um caboclo que vem da brenha das matas amazônica contar suas histórias, memórias, culturas e saberes. Das sete narrativas, é importante enfocar aquela que contém o mesmo título do livro: O Carro dos Milagres.

Ainda que inserida num livro de contos, a primeira narrativa – O Carro dos Milagres – enquadra-se na categoria de novela, porque o enredo dela não trata de um único assunto, mas sim de vários e com muitos personagens; além disso, cabe-lhe o patamar de novel pelo fato de ter menor extensão do que o romance. Todavia, não é interesse trabalhar o aspecto do subgênero narrativo, mas sim tratar do conteúdo e da estrutura narrativa da referida obra.

A novela O Carro dos Milagres apresenta a experiência do caboclo Miguel dos Santos Prazeres (embora esse nome não apareça nesse texto, pode-se dizer que ele é subentendido de acordo com o conjunto da coletânea) no Círio de Nazaré em Belém/PA. Primeiramente, nota-se o diálogo entre dois caboclos (Personagem-narrador e o Compadre) que vieram acompanhar o Círio, sendo que Miguel tem o interesse de pagar uma promessa que a sua mãe fez a Nossa Senhora de Nazaré do Retiro (ou do Desterro) quando o rapaz encontrava-se em situação de perigo com sua canoa nas águas do Marajó.

A mãe velha prometera a Santa que se seu filho fosse resguardo do temporal ele haveria de levar um barco a vela de miriti durante a procissão.

O personagem-narrador (Miguel) descreve, de forma maravilhosa, os detalhes da procissão que está assistindo pela primeira vez, volta-se ao passado de suas lembranças para contar suas sagas de canoeiro no Igarapé da Mata do Catauari com o Compadre, um amigo que o acompanha no Círio e numa beberagem com cachaça de Abaeté, enquanto aguardam no nascer do dia a saída do Círio no Largo da Sé (atual Praça Dom Frei Caetano Brandão).

Depois de muitos goles de bebida, os dois caboclos resolvem segui a procissão, sendo que Miguel tinha o objetivo de achar o Carro dos Milagres e depositar a sua promessa (o barco a vela). Miguel avista o Carro, descreve a lenda portuguesa contida na iconografia do Carro (o milagre de Nossa Senhora de Nazaré a Dom Fuas Roupinho no século XII). Mas o caboclo encontra inúmeras dificuldades para pagar sua promessa: primeiro perde o companheiro de cachaça, o compadre; depois esbarra com o barquinho num balão de gás que dispersa a promessa no meio dos romeiros.

Miguel, bêbedo e perdido na multidão, acaba chegando a Basílica-Santuário de Nazaré. Ali o caboclo fica maravilhado com as impressões artísticas da Igreja e nela se deixa estar até as altas da madrugada. Ao chegar na garagem, Miguel, com uma vela na mão, encontrar o Carro do Milagres e se detém olhando as promessas contidas na barca. E é exatamente aí a história se complica: O rapaz é surpreendido por beatas que, maliciosamente, o acusam de incendiário e de ladrão. Já raia um novo dia e elas chamam o padre e a polícia para deter o suposto meliante.

O caboclo é levado preso para a delegacia e ali descreve a presença dos detentos de vários lugares do país e do exterior e as minúcias horríveis daquele cárcere. Depois, avista outro Compadre, viciado em soltar balões de gás, que faz procuração por seu filho perdido e possivelmente morto na procissão. Miguel observa e relata o equivoco sobre a morte do filho desse Companheiro, achavam que o filho era um rapaz que morreu na explosão de um compressor de balão que estourou na procissão. Mas, logo é resolvida essa história quando encontra o filho do Companheiro que ficou bebendo quando seu pai lhe ordenara comprar tais balões coloridos, os mesmos que foram descuidados e soltos pelo filho, os mesmo que levaram a promessa do Miguel, o qual desfecha a história prestando depoimento à polícia.

* Por Marcel Franco, escritor, professor, jornalista, licenciado pleno em Letras/Português (UEPA) e mestrando em Ciências da Religião (UEPA). marcelpa@hotmail.com

Estrutura da Narrativa

Personagens:

 Principais:

Narrador (com o nome subentendido “Miguel dos Santos Prazeres”) – redondo/complexo/antagônico;
Compadre “de cachaça” – redondo/complexo;
Compadre “que perdeu o filho” – linear/plano.

Secundários:
Mãe velha (genitora do narrador) – linear/ plana;
Beatas – redondas/complexas;
Comissário (policial) – linear/plano;
Comadre (que perdeu o filho) – linear/plana;
Filho (dos Compadres) – redondo/complexo

Tempo

· Tempo cronológico – dois dias seguidos, desde a madrugada do Círio até à tarde do dia seguinte: “três horas da tarde”;
· Tempo histórico – o milagre de Nossa Senhora de Nazaré a Dom Fuas Roupinho no século XII;
· Tempo psicológico – feed back: lembrança do naufrágio do barco, das sagas pelos igarapés como o compadre “de cachaça”.

Espaço

· Espaço físico: Largo da Sé (atual praça Dom Frei Caetano Brandão), catedral da Sé bairro da Cidade Velha, ruas do cortejo do círio, Largo de Nazaré (atual Praça Santuário), Basílica-Santuário de Nazaré, sacristia e garagem da Basílica, cadeia.
· Espaço psicológico: Baía do Marajó, Igarapé das Matas do Catauari.

Ambientação
Contexto social, histórico, religioso, familiar.

Enredo
Linear e a-linear (intercalado com memórias, feed backs)

Foco-narrativo
Narrador em primeira pessoa

Discurso
Direto e indireto livre

Clímax
Reencontro do filho (dos compadres) embriagado, o qual diziam que estava morto e o mesmo que soltou os balões coloridos que se engataram na promessa do Miguel.

Fonte: benedictomonteiro.blogspot.com

FONTE: http://vestibularnopara.com.br/?p=2939

Realidade Ourilandense

Leia e reflita!
Se gostar,comente!

O ano de 2012 chegou e com ele também chegou a esperança de mudarmos a cara da política em nosso município através da escolha de pessoas comprometidas com o ser humano, principalmente.

Sim. 2012 é ano de eleição para prefeito e vereadores e muita gente já está se preocupando com isso, inclusive eu.

Seria bom que toda a população ourilandense já começasse a pensar nesse assunto, uma vez que, será um ano de decisão sobre os rumos que queremos para nossa cidade.

Em 2012 teremos a oportunidade de renovar ou continuar. Eu, particularmente torço pela renovação.

Já me cansei de vivenciar a desvalorização dos professores, dos pobres, do povo, entre outros que começam com a letra P.

Já me cansei da falta de projetos voltados para estudantes, jovens, idosos, crianças, etc.

Quanta falta nos faz uma universidade pública, uma biblioteca equipada, um espaço para apresentações culturais, etc.

Já me cansei dos diretores autoritários que nos enfiaram goela abaixo sem nos perguntar nada.

Já passou da hora de escolhermos nossos diretores de escola através do voto livre e consciente? Isso, sim, é democracia.

Já me cansei do aumento injusto da taxa de água.

100% de aumento de água para todos, tanto para quem usa 1.000 litros, quanto para quem usa 10.000. Sem falar na escassez de água que muitas famílias enfrentam. E falando nisso? Cadê a água do Rio Branco, heim? Promessa para a próxima eleição.

Já me cansei de tantas obras pra serem inauguradas somente no ano da eleição: INSS, Caixa Econômica, Avenida das Nações, Rodoviária, etc.

Se quisessem, já podíamos estar usufruindo desses recursos, pois há meses que algumas dessas obras estão prontas, mas só vão ser inauguradas quando as campanhas eleitorais estiverem mais próximas.

Já me cansei de pessoas que só governam pra ricos e parentes.

Já me cansei da falta de aumento dos salários dos funcionários públicos.

Já me cansei da troca-troca de secretários de educação para atender interesses políticos de um e de outro.

Já me cansei da falta de universidades públicas pra nossos estudantes,

Todos os anos centenas de estudantes terminam o Ensino Médio em nossa cidade e ficam desorientados sem saber pra onde ir fazer uma faculdade, já que e nosso município não tem opção e nem previsão de ter, pois nem se fala nisso. Alguns vão pra outros estados, deixando para trás, suas famílias, amigos, costumes, etc.

Já me cansei da falta de cursos de pós - graduação (Mestrado e Doutorado) pra nossos professores.

O professor que quiser fazer um Mestrado ou Doutorado em sua área, também terá que abandonar sua cidade em busca desse objetivo, uma vez que não há propostas da administração nesse sentido.

Já me cansei da falta de médicos capacitados pra nos atender.

Muitos ourilandenses estão se encaminhando para os hospitais de Tucumã, pois as histórias que contam sobre os médicos que atendem ou atenderam aqui são macabras e assustadoras. O bons médicos que já atenderam no Hospital do Estado, foram todos mandados embora, pois estavam trazendo prejuízos para os cofres da prefeitura uma vez que pediam muitos exames dos pacientes, o que é o certo, pois um médico não tem o poder de saber o que um paciente tem sem, antes, analisar os exames, a não ser que ele seja médium.

Já me cansei de comemorar o aniversário da cidade em diferentes datas, menos na de origem.

De maio, depois junho, depois setembro, provavelmente nesse ano de 2012 , será em outubro, mês da eleição, claro.

Já cansei de tantos milhões para a construção de obras e mais obras e nem um centavo para a valorização das pessoas como seres humanos.

Eu preciso de pessoas que governem para a maioria, para os menos favorecidos. As obras, os projetos têm que chegar à periferia da cidade onde estão as pessoas que realmente precisam.

Pensem nisso!

Um abraço da professora CLAEDIS a todos os seres humanos dessa cidade!